Existem milhares de
palavras em nosso dicionário Aurélio, um dos dicionários mais conhecidos e
usados. Umas palavras são mais usadas no cotidiano, outras nunca ouvimos falar,
algumas nem sequer sabemos o significado. No entanto há vocábulos tão importantes,
tão ricos de significados, mas que estão gradativamente escassos, esquecidos,
correndo o risco de entrarem em extinção como, por exemplo, as palavras honestidade, ética e respeito.
Numa sociedade
capitalista, em que ter está acima de ser; num regime democrático
de direito, mas em que seus governantes se esquecem dessa existência e governam
como se fossem ditadores e deuses acima da lei, em que a classe política não
preza o desejo nem a necessidade do seu povo; essas três palavras são
inexistentes.
Honestidade, hoje, é
para poucos. Ser honesto nas relações afetivas, na amizade, nas transações
comerciais, nos tribunais, nas propagandas eleitorais, nas câmaras municipais,
estaduais e federais, e nos anúncios publicitários é raridade. E isso é sério.
A desonestidade está tanta em nosso país que o simples fato de alguém devolver
uma carteira para o verdadeiro dono(fato que se espera que ocorra normalmente
por alguém que encontra algo que não lhe pertence) passa a ver visto como uma
atitude heróica e corajosa.
A ética e o respeito,
por sua vez, soam como palavras rebuscadas e arcaicas, como se
ética e respeito pertencessem aos nobres, aos filósofos antigos. O que é ética?
Ainda existe no dicionário? Porque no quadro político e jurídico brasileiro
parece ser algo de contos de fada. Como é que se pode entrar em votação para
investigar um político? E os indícios? Se existe uma denúncia, esta tem de ser
investigada. Isso é ética e, ao mesmo tempo, é respeito para com os cidadãos brasileiros.
Para alguém honesto cuja idoneidade é colocada à prova, o seu desejo é que se
investigue. Caso contrário, a culpa no cartório existe e é escandalosa.
Para combater a inércia
e a corrupção política, implantadas no país, não é uma tarefa fácil, mas também
não é impossível. É necessário que as escolas, sobretudo, sem fins partidários,
instiguem em seus alunos o desejo de mudança, de renovação e de limpeza geral
no cenário político do Brasil. Para isso, faz-se urgente implementar um modelo
de educação laico, apartidário, crítico, reflexivo e agente para que a próxima
geração saiba avaliar o passado para escolher melhor seus representantes. Isso
foi o que a geração atual não soube fazer e está pagando muito caro por isso.
Enquanto isso, o Aurélio anda preocupado com a perda de algumas ovelhas.
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