Sabe-se que o ser humano, desde os tempos mais remotos, buscou sua
identidade por meio da literatura – leitura e escrita de textos diversos,
romances, crônicas, lendas, mitos, símbolos, de acordo com a cultura e história
de cada região - de forma a entender seu próprio comportamento com os
conhecimentos acumulados, registrados, ao longo de sua existência. Dessa
forma, valorizar a literatura e conhecer suas características, escritores e
demais defensores dessa arte é conservar o valor artístico do passado.
Contudo, no século XXI, o desinteresse pelos temas relacionados à literatura,
especialmente de grandes clássicos como Camões, William Shakespeare,
Machado de Assis, entre outros, tornou-se evidente com a depreciação e a
aversão à leitura fluente dos mesmos, desvalorizando esse grande legado
patrimonial, impedindo a compreensão digna do país e do mundo, contribuindo,
enfim, para a alienação cultural do povo. Nesse ínterim, urge analisar o
contexto para que propostas amenizem o impasse e sejam discutidos visando
ao benefício da coletividade.
Primeiramente, cabe dizer que a globalização possibilitou a aproximação
entre diferentes grupos, estabelecendo laços de identidade e influência literária,
abrindo-se para novos gêneros. No Brasil, a diversidade das escolas literárias e
de autores, gerou, ao longo da história, um grande acervo de obras, mostrando
diversos problemas sociais e econômicos do país, como apresentaram as
obras do Modernismo, por exemplo, os retirantes da seca do Nordeste do país,
através do clássico Vidas Secas, de Graciliano Ramos. Todavia, muitos
indivíduos não têm conhecimento da importância dos livros, devido ao
desinteresse, preguiça, e a ausência de verbas dedicadas a bibliotecas, casas
de cultura, museus, perde acervos com valor literário e artístico, não tendo
como recrutar mais leitores. Além disso, não há um incentivo à produção mais
econômica de livros, deixando-os caros e distantes dos mais carentes.
Em segundo plano, o desconhecimento da literatura favorece a
desvalorização da educação, da busca de conhecimento, da leitura e da
reflexão. Isso é uma negligência com obras literárias que, mesmo por meio da
ficção, impedem o usufruto das próximas gerações e, consequentemente, um
futuro digno e promissor para a nação brasileira, que poderia ser mais letrada,
mais rica de conhecimento literário, tão importante para o desenvolvimento da
sensibilidade e do intelecto.
Infere-se, portanto, que a partir do momento em que os indivíduos
começam a valorizar a literatura nacional, também, é claro, a literatura
universal, a sociedade poderá ser mais bem-informada, mais desenvolvida
intelectualmente e, sobretudo, obterá mais conhecimento e senso crítico. Para
alcançar esse desejo, o governo federal, por meio de políticas públicas
educacionais e culturais, através dos Ministérios da Educação e da Cultura,
poderia incentivar produção de obras e documentos de valor literário, histórico
e artístico, de modo a preservar o acervo em todas as bibliotecas e escolas do
país, e promover, por meio de alocação de verbas, projetos que incentivem o
brasileiro a ler mais, habilidade essencial para que, assim, seja conservado o
legado literário. Dessa maneira, será possível ver uma mudança significativa e
necessária para o país, por meio de leitores fluentes, letrados e conhecedores
da história de seu país.