René
Descartes, filósofo e matemático francês (1596-1650) é considerado o
fundador da Filosofia moderna e é autor de um dos pensamentos mais propícios
para o ser humano: “Penso. Logo existo”. Segundo o matemático, pai do Plano Cartesiano,
que primeiro foi filósofo, aponta que o ser humano só tem consciência de si e
do mundo porque pensa. Para ele, nenhum conhecimento é válido se não for
mediado pela força do pensamento, da reflexão crítica e da ação para a
transformação. Diante dessa verdade, dita há tanto tempo, discute-se hoje a
validade da filosofia, como se fosse menos importante. Mas será que, em tempos
contemporâneos, a filosofia está fora de moda? Certamente que não.
De
início, vale destacar que o homem, desde a Antiguidade, com o conhecimento
filosófico, da Grécia Antiga, berço da humanidade, buscou conhecer a sua identidade,
as suas raízes e a origem de todas as coisas e fenômenos por meio da Filosofia
– termo grego que significa amor à sabedoria. É por meio desse conhecimento,
que tem como base a reflexão e o questionamento, e até hoje, os homens, ao
longo de sua existência, têm procurado conhecer a si mesmo e seu próprio
comportamento e vão continuar assim.
Desse
modo, valorizar o conhecimento filosófico, nos dias atuais, é tão importante
quanto na Antiguidade, uma vez que conhecer a si próprio e entender a sua
realidade, a razão da sua vida, dos seus propósitos, o sentido de viver, ainda
são características inerentes ao homem. Além disso, a filosofia é a arte da reflexão
crítica, da indagação para transformar-se e mudar o que precisa ser mudado. Foi
através dela que Isac Newton e Albert Einstein, ao questionarem sobre tantas de
suas dúvidas, mostraram ao mundo grandes descobertas. Quem não pensa está
fadado à manipulação cruel de ditadores, de opressores e de uma elite falsa e
hipócrita, desejosos de poder e autoritarismo.
Contudo,
no século XXI, o interesse pelos temas relacionados à filosofia ainda são
cultivados em escolas, faculdades e universidades, especialmente no estudo de
nomes imortalizados como Aristóteles, Sócrates, Platão; da era moderna como Hegel,
Kant; e dos contemporâneos como os brasileiros Leandro Karnal e Mário Sérgio
Cortella.
Ademais,
é importante frisar que só tem a aversão à filosofia, que tem medo de quem
pensa, porque pensar é perigoso, coloca em risco regimes autoritários, põe em xeque-mate
a opressão, a ditadura, os desmandos. A filosofia é mesmo muito perigosa, pois
ela abre a mente, as janelas do conhecimento, ela provoca, instiga, angustia.
Ainda, a filosofia é como um ferrão: ferroa para não deixar ninguém preso às
amarras da ignorância e de quem só pensa em poder. Para alguns estudantes de
exatas, engenharias, medicina, odontologia, filosofia pode ser “tempo perdido”,
mas vale lembrar que “o céu do mundo é muito maior e mais
misterioso que o céu da boca.”
Podem
até desvalorizar o grande legado que a filosofia, conhecimento mais antigo da
humanidade, deixou, mas nunca vão matar aquele que não se conforma com a
violência, com o autoritarismo, com o retrocesso, com a maldade sem precedente
de quem quer que seja. Conforme afirmou Sócrates: “Só sei que nada sei” e
depois afirmou Paulo Freire: “O homem é um ser inacabado”, ambos
salientando a eterna busca do conhecimento, comprovando que o homem nunca está
pronto e precisa, como na Odisseia, de Homero, ir em busca do maior mistério da
vida, o próprio ser humano e o caminho é o pensamento – a filosofia. Por isso,
continue pensando, assim, se existe.