quinta-feira, 31 de março de 2016

Deserto de lama





Após cinco meses do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, que destruiu o Distrito de Bento Rodrigues, a desolação é extensa e se estende por quilômetros. Até agora, o que foi feito é mínimo e não há sinal de que o cenário devastador se modifique tão cedo.
Considerado o maior desastre socioambiental do Brasil, a catástrofe em Mariana, ocorrida em 5 de novembro de 2015, ficará para sempre marcada no solo mineiro e, sobretudo, na memória das 600 famílias desabrigadas pelas toneladas de lamas que romperam as barragens. 19 vítimas fatais e milhares de animais mortos, além da biodiversidade e do rio ameaçados.
A Samarco pouco tem feito pela população. Em fevereiro, a empresa construiu três diques para conter os resíduos, mas um deles já foi rompido e a lama desce sem parar. A construção está bem em cima de onde ficava o distrito. De onde se viam as montanhas, hoje se vê apenas destruição, barro brilhante devido aos resíduos e uma montanha de lama por cima de lama.
A mídia, como sempre, dá foco apenas àquilo que ela deseja e que lhe dá retorno financeiro. O centro das atenções, no momento, é o rompimento, mas não o da barragem e, sim, o dos partidos políticos. A crise política tomou uma proporção imensa, fazendo com que o país entre de vez numa inépcia geral. Desse modo, o olhar interesseiro das emissoras se volta apenas para esse espetáculo horroroso a que estamos assistindo. O distrito de Mariana que se vire. A tragédia está quase ou praticamente esquecida pelos meios de comunicação que deveriam servir de canal para exigir providências.
Cabe ressaltar que muitos eventos têm ocorrido para alocar recursos, a fim de ajudar a população e a região destruída em Mariana. Mais de um milhão de reais foram arrecadados por meio de shows de diversos artistas como Caetano Veloso, algumas bandas mineiras e a banda internacional Pearl Jam, que esteve no Brasil no ano passado, doando cerca de 300 mil reais. Desse montante, 800 mil foram divididos e doados às famílias atingidas pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana. Cada uma recebeu um cheque no valor de R$ 2.614,38 em solenidade realizada na manhã desta quinta-feira (31).
É preciso que providências sejam tomadas o mais rápido possível. Deve-se lembrar de que as famílias estão sem moradia, estão sem lugar certo, sem um lar. Cabe, portanto, às autoridades responsáveis – Ministério Público, por exemplo, cobrar atitudes dos Governos municipal, estadual e federal e, principalmente, exigir da empresa responsável pele desastre mais celeridade na reconstrução imediata da região devastada e atendimento integral às famílias. E isso precisa ser pra ontem, antes que caia definitivamente no esquecimento.
Lama de barragens destruiu o distrito de Bento Rodrigues, em Mariana (Foto: DigitalGlobe e Globalgeo Geotecnologias)
Fonte da imagem: http://s2.glbimg.com

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