domingo, 19 de maio de 2019

Cotas para negros nas universidades: uma ação necessária?




Há 131 anos o Brasil se libertou da escravidão, por meio da Lei Áurea, sancionada em 13 de maio de 1888, a qual pôs ponto final a uma das maiores tragédias da humanidade e da história do país: a escravidão. A lei da Abolição da Escravatura foi assinada por Dona Isabel, a princesa imperial do Brasil. No entanto, ainda se veem os resquícios dessa crueldade nos tempos atuais, visto que a discriminação racial ainda persiste e pode ser percebida em diversos contextos da sociedade como nas ruas, no trabalho, nos estádios de futebol, no cinema e em outros tantos segmentos.
É preciso ressaltar que a discriminação racial existe em quase todo o mundo e ainda persiste até hoje, hajam vistas as manifestações contrárias às cotas para negros para ingresso na universidade. Trata-se de uma ação afirmativa, recurso previsto na Constituição Federal, o que comprova a licitude das cotas para essa parcela social dos brasileiros. É preciso ressaltar que as cotas não são relativas à capacidade intelectual, mas, sim, como forma de correção dos erros cometidos no passado contra os negros. Desse modo, esse tipo de ação afirmativa é necessária e ainda está longe de retificar os crimes raciais e seus impactos causados a várias gerações e descendentes dos negros que foram, severamente, excluídos da sociedade.
           O preconceito e a segregação racial é inadmissível e a luta é antiga, Nos anos de 1960,  em Joanesburgo, na África do Sul, quase 20.000 pessoas protestaram contra a Lei do Passe, que obrigava a população negra a usar um cartão que apontava os locais onde a sua circulação era permitida, durante o regime de apartheid. Esse regime, que cerceava os direitos humanos e perdurou por anos, encerrando-se em 1994. 
          Ademais, hoje, não existem regimes contra o negro, pelo menos no papel. Mas os resquícios dessa segregação resistem e a discriminação ocorre diariamente. A mídia mostra esses casos quando ocorrem com famosos, no entanto não apresentam à população as injúrias e os crimes que acontecem corriqueiramente com pessoas comuns. Agora, com a limitação de verbas para as universidades, as cotas correm o risco de serem erradicadas e, consequentemente, poderá prejudicar milhares de estudantes brasileiros, que estão em busca de oportunidades
         Além disso, a televisão e o cinema são, prioritariamente, "branca". Isso não tem como refutar. Apresentadores de telejornais, elenco da novela e vários outros tipos de entretenimento são formados, em sua maioria, por pessoas brancas. Nas novelas o negro é a empregada, o motorista; no cinema a negra é a dama de companhia da princesa. Isso mostra que o regime do apartheid e de segregação ainda resiste.
             . Não se pode, portanto, afirmar que a discriminação racial não existe. Todos temos sangue negro correndo em nossas veias. É preciso mitigar a ideia de respeito e de igualdade entre os homens. A conscientização de que o preconceito é uma ignorância é necessária. Está comprovado cientificamente de que não existe raça pura e esse conceito de raça é ineficiente e ultrapassado para classificar os seres humanos. Desse modo, a cota para negros nas universidades é uma ação necessária e deve ser preservada para o bem de toda a coletividade.


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