As
últimas eleições têm apontado alguns indicadores bem visíveis do desencanto do
eleitor brasileiro. Estes são: abstenção, quando o cidadão deixa de comparecer
no dia da eleição; voto nulo e branco, quando se decide não votar em ninguém; e
títulos de eleitores jovens (16 e 17 anos, cujo voto é facultativo) deixam de
fazer seus títulos. Essas situações apontam a desilusão com a política, mas é
preciso rever o que pode ser feito para que esse "marasmo" não
prejudique ainda mais o país, principalmente, as futuras gerações.
Cabe lembrar,
primeiramente, que em cada época da história da humanidade, as regras
eleitorais são moldadas de acordo com a sociedade. Na Grécia antiga, apenas os
homens que atingiam a maioridade e que possuíam poder aquisitivo tinham o direito
de votar. Sendo assim, mulheres e escravos estavam excluídos da vida política.
No Brasil, na República Oligárquica, o poder centrava nas mãos de poucos, como
os proprietários de terras, que usavam o voto de cabresto e influenciavam os
indivíduos menos favorecidos a votarem em seus respectivos governantes.
Consequentemente predominava-se a ideologia da elite sobre o sistema eleitoral,
aumentando a desigualdade social. Além disso, as mulheres puderam participar do
processo eleitoral apenas em 1932.
No século XXI,
quando todos acima de 18 anos podem votar, percebe-se a negligência da
população brasileira em participar efetivamente da vida política, a maioria vê
esse processo como obrigação e não como dever e direito garantido pela
Constituição Federal. Nesse ínterim, é preciso analisar o contexto atual para
que propostas amenizem esse impasse e sejam discutidas visando ao benefício do
país. No entanto não se deve menosprezar o desencantamento do povo, causado por
diversas razões.
Segundo o jornal
Estadão, em 2016, houve quase 18% de abstenções. O maior número de toda a
história brasileira. Isso deve ser bem analisado para se evitar novos números
recordes. Além do mais, a falta de informação contribui para o mal
funcionamento das eleições, prejudicando o exercício da cidadania. É por meio
do voto que se escolhe os representantes do povo. A omissão desse ato prejudica
a situação do país e das futuras gerações. Se os indivíduos continuarem não
participando, o futuro será pior.
Infere-se,
portanto, que o voto é um direito e significa o poder do povo e é fundamental
para a concretização da democracia. É preciso analisar bem os candidatos e suas
propostas para fazer a escolha certa. Para tanto, a mídia precisa investir na
conscientização da importância da participação efetiva do povo, incentivando o
voto, apresentando debates e pesquisas reais, sem maquiagem. Por conseguinte,
todos precisam exercer a sua cidadania para promover a mudança desejada e,
segundo o filósofo chinês Confúcio: "não corrigir nossas falhas é o mesmo
que cometer novos erros." Assim, mesmo desencantados, não podemos
simplesmente nos omitir, lavando as mãos como Pilatos.