e, mesmo tendo esse sentimento, o que me falta demora:
é a palavra certa, aquela que, como substantivo concreto,
tem corpo, força, forma física. Tudo o que tenho não é certo.
Preciso falar, mas uma secura me sobe à garganta.
Tenho sede e a água na me basta e não há nada que garanta
que isso mude, se transforme, se torne em poesia.
Faltam palavras, e elas se calam, fogem, assim, neste dia.
Logo quando mais preciso, persisto e ainda procuro.
Não encontro, portanto, verbete que me faça sentir seguro.
Ainda assim, numa busca incessante, dicionário aberto,
tento escrever algumas linhas e deixar esse eu descoberto.
Escrevendo, não consigo escrever o que vejo,
nem retrato com clareza e precisão o que desejo.
Tudo o que tenho eu não tenho em mim: palavras,
para denunciar a miséria humana e suas amarras.
Rosana Silva
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