Há
muito tempo, Manuel Bandeira escreveu “onde
anda a onda?” Hoje, talvez, ele escreveria: “onde anda a ética? A ética?”. Em diversos cenários, é possível
constatar a ausência de ética, seja no trabalho, na rua, nas brincadeiras e,
sobretudo, na política. Tal ausência de valores tem provocado uma crise de
tamanho imensurável. O que devemos fazer?
O
país vive, incrédulo, a uma crise econômica e política nunca vista antes. No
entanto muitos cidadãos, talvez, ainda não tenham total consciência de que tal
situação foi provocada, não somente por este motivo, pela falta de ética, falta
de respeito e de honra. A ausência disso tudo para quem comanda, para quem
governa, para quem deve ser exemplo, para quem deve cuidar do povo só agrava o
modo de vida das pessoas em sua dimensão biológica, sociológica, psicológica e
espiritual.
Sabe-se
que uma federação não se constitui sem política. Precisamos de tomadas de
decisões, de grupos organizados, ou melhor, precisamos de políticos
verdadeiros, sábios e altruístas, que voltem sua governabilidade para o seu
país, estado ou município. No entanto, o que vemos é um grave rompimento com a
ética e com o pudor, isso mesmo, com a vergonha. A falta de compromisso com a
palavra, a falta de compromisso com o eleitor e com o povo é tão absurda, é tão
abusiva que parece ser ilusão o que estamos vendo. A corrupção passou a ser uma
ação tão rotineira que se tornou uma banalidade total.
Além
disso, a ausência de práticas politicamente corretas abrange todos os cargos
políticos, ou seja, é de “mamando a caducando”. Será por força da imitação?
Nelson Mandela disse que o homem é imitador por natureza, portanto, se temos
tantos políticos corruptos, autoridades lenientes, adultos omissos e
profissionais negligentes de inúmeras áreas, a quem as crianças e os
adolescentes vão imitar futuramente? Em quem vão se espelhar? Precisamos de
ídolos. Precisamos de ética.
Certamente
não se pode perder a esperança de que entre uma legião inteira de egoístas,
egocêntricos que beiram à psicopatia não haja pessoas honestas e de bem. Não se
pode perder a esperança no homem e em suas ações. Assim, é preciso que todos os
cidadãos adotem uma postura ética diante de si e do outro. Cabe às instituições
(escola, universidades, igreja, entidades de classe) e à sociedade, de modo
geral, se organizarem e se unirem para cobrar, também de forma ética e
respeitosa, das autoridades, daqueles que detêm o poder, exigirem ações
voltadas para o bem comum, para o bem do povo. Os brasileiros podem até ser
passivos, mas não são otários.