sexta-feira, 17 de março de 2017

Todo mundo merece a segunda chance. Será?


         A violência contra a mulher é uma triste realidade mundial e parece não ter fim. Os noticiários estampam diariamente casos de agressões, estupros, assédio sexual e moral, maus tratos de diversos aspectos e, o pior de todos: o feminicídio. Além disso, o mais agravante é constatar a impunidade vigente no país, mesmo tendo a Lei Maria da Penha. Diante disso, o que é preciso para acabar de vez com a violência contra a mulher?
       Um exemplo que chocou o Brasil é o caso do goleiro Bruno que está livre e sob os holofotes da mídia. A inserção de um ex-condenado na sociedade é necessária. Mas este não é o caso do goleiro, já que ele ainda não cumpriu toda a pena pelo assassinato de uma mulher e por ter sido um crime hediondo.
       A mulher foi abandonada quando engravidou, sequestrada, mantida em cárcere privado, sofreu todos os tipos de tortura, com requintes de crueldade, foi morta, esquartejada e teve cada pedaço do seu corpo atirado a cães famintos que devoraram cada pedacinho, sem deixar qualquer vestígio.
     Isso parece familiar? Sim, mas não se trata de um filme, de novela ou qualquer obra de ficção.  Trata-se de um crime da vida real, de um crime hediondo, cuja vítima foi Eliza Samúdio. O bárbaro que cometeu este crime é Bruno, goleiro. Para relembrar, Eliza foi assassinada em 2010, de forma brutal, e o mandante dessa barbárie foi seu ex-amante Bruno, que não quis reconhecer a paternidade, muito menos pagar pensão. Foi condenado em 2013, mas já está solto, devido a um hábeas corpus.
      O que é mais repugnante é ver um assassino como esse, que premeditou o crime e pensou em cada detalhe do assassinato, receber nove ofertas de trabalho em clubes futebolistas. O futebol, como todo o mundo sabe, arrasta multidão, é uma paixão brasileira, tem torcida, patrocinadores. É estranho imaginar um time, mesmo que de segunda divisão, fazer uma contratação como essa. É como se aceitassem esse crime como um fato natural, comum, banalizando a violência contra a mulher.
        Quantos brasileiros honestos e trabalhadores estão desempregados à espera de uma oportunidade? No entanto há outros que estão fazendo fila para pedir um autógrafo a esse criminoso. Por outro lado, o time que contratou Bruno já perdeu patrocinadores e é preciso perder mais. 
          Em suma, todo mundo merece uma segunda chance, mas dar uma nova chance a alguém que premeditou um crime hediondo como esse, sem sequer dar uma segunda chance à vítima,  não merece voltar aos campos de futebol, não merece patrocínio e muito menos ser aplaudido pelos torcedores. Essa contratação é um insulto à sociedade, é uma afronta às mulheres, é um escárnio.

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