A violência contra a mulher é uma triste realidade mundial e
parece não ter fim. Os noticiários estampam diariamente casos de agressões,
estupros, assédio sexual e moral, maus tratos de diversos aspectos e, o pior de
todos: o feminicídio. Além disso, o mais agravante é constatar a impunidade
vigente no país, mesmo tendo a Lei Maria da Penha. Diante disso, o que é
preciso para acabar de vez com a violência contra a mulher?
Um exemplo que chocou o Brasil é o caso do goleiro Bruno que
está livre e sob os holofotes da mídia. A inserção de um ex-condenado na
sociedade é necessária. Mas este não é o caso do goleiro, já que ele ainda não
cumpriu toda a pena pelo assassinato de uma mulher e por ter sido um crime
hediondo.
A mulher foi abandonada quando engravidou, sequestrada, mantida
em cárcere privado, sofreu todos os tipos de tortura, com requintes de
crueldade, foi morta, esquartejada e teve cada pedaço do seu corpo atirado a
cães famintos que devoraram cada pedacinho, sem deixar qualquer vestígio.
Isso parece familiar?
Sim, mas não se trata de um filme, de novela ou qualquer obra de ficção. Trata-se de um crime da vida real, de um crime hediondo, cuja
vítima foi Eliza Samúdio. O bárbaro que cometeu este crime é Bruno, goleiro.
Para relembrar, Eliza foi assassinada em 2010, de forma brutal, e o mandante
dessa barbárie foi seu ex-amante Bruno, que não quis reconhecer a paternidade,
muito menos pagar pensão. Foi condenado em 2013, mas já está solto, devido a um
hábeas corpus.
O que é mais repugnante
é ver um assassino como esse, que premeditou o crime e pensou em cada detalhe
do assassinato, receber nove ofertas de trabalho em clubes futebolistas. O
futebol, como todo o mundo sabe, arrasta multidão, é uma paixão brasileira, tem
torcida, patrocinadores. É estranho imaginar um time, mesmo que de segunda
divisão, fazer uma contratação como essa. É como se aceitassem esse crime como
um fato natural, comum, banalizando a violência contra a mulher.
Quantos brasileiros honestos e trabalhadores estão desempregados
à espera de uma oportunidade? No entanto há outros que estão fazendo fila para
pedir um autógrafo a esse criminoso. Por outro lado, o time que contratou Bruno
já perdeu patrocinadores e é preciso perder mais.
Em suma, todo mundo merece uma segunda chance, mas dar uma nova
chance a alguém que premeditou um crime hediondo como esse, sem sequer dar uma
segunda chance à vítima, não merece voltar aos campos de futebol, não merece patrocínio e
muito menos ser aplaudido pelos torcedores. Essa contratação é um insulto à
sociedade, é uma afronta às mulheres, é um escárnio.