quarta-feira, 29 de junho de 2016

Cultura do estupro



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Nunca a culpa é da vítima, isso é fato. É impressionante o reflexo da mentalidade machista e arcaica, enraizada na cultura e na história do país. Dizer que a mulher tem culpa de ser estuprada é uma afirmação bárbara, triste e ingênua. Infelizmente o caso da moça estuprada no Rio de Janeiro e espalhado nas redes sociais teve de acontecer para que esse tema fosse tratado com seriedade e, sobretudo, visto como uma ação recorrente no Brasil. Só agora a mídia está expondo esse debate e ficou claro que o estupro coletivo vem acontecendo há tempos e, até então, praticamente, ficava encoberto na sociedade contemporânea.
O estupro tem raízes nos primeiros anos de colonização, quando os portugueses atacavam as índias nativas e ficavam impunes. Esse ato se estendeu durante o período de escravidão, tendo como vítimas as escravas, como se não bastassem o tratamento subumano que levavam. No início do século XVII, houve a invasão holandesa em Pernambuco e há documentos que comprovam que os holandeses ficaram impressionados com o machismo exorbitante aqui no Brasil e como as mulheres eram maltratadas e humilhadas naquela época.
Não mudou muita coisa de lá pra cá, já que essa humilhação e violência sexual persistem até hoje e atormentam mulheres de todas as classes sociais e de qualquer idade, inclusive crianças e idosos. No entanto há registros de que mulheres de baixa renda são as que mais sofrem esse tipo de violência.
Além disso, é impressionante constatar como o crime de estupro ainda está escondido dentro dos lares ou como segredos das vítimas. Muitas delas ainda convivem com estupradores e são forçadas a se calarem por diversos motivos. Desse modo, por medo ou por vergonha, o silêncio contribui com a perpetuação desse crime inadmissível.
Entretanto, com o avanço da participação feminina em diversos contextos sociais, com mais liberdade de expressão e menos medo de denunciar, as mulheres passaram a notificar o estupro, enfrentaram a sociedade e o próprio criminoso, a fim de dar um basta nessa situação degradante e violenta. Outras iniciativas, portanto, devem ser tomadas como a expansão da delegacia de mulheres, mais linhas para denúncias como o 0800. Ademais é notável que as redes sociais tiveram uma contribuição positiva por meio de manifestações contrárias ao estupro e ao estupro coletivo, dando força e apoio às vítimas e, de certa forma, exigindo cobrança no cumprimento de leis para colocarem na cadeia o agressor. Basta de machismo, basta de sofrimento.
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