domingo, 31 de maio de 2015

A poetisa Angela Leite de Souza

              Há momentos muito importantes na vida de escritor, conhecer escritores renomados é um deles. Tive a oportunidade de conhecer a escritora Ângela Leite de Souza, em Belo Horizonte, MG, na Bienal do livro. Falamos sobre diversos assuntos acerca de literatura e é claro,  trocamos nossos livros; Ângela levou O voo da poesia e eu levei Entre linhas, seu novo livro de poesia que, por sinal, ficou lindo. 
        Adorei as poesias desse livro, ainda mais que falam de  curiosidades da arte de costurar. Depois desse nosso encontro, Ângela, que é escritora há anos, me deu excelentes orientações sobre o mercado editorial. Adorei nosso encontro e, principalmente, amei conhecer a Ângela Leite de Souza.
Livro de Ângela Leite de Souza

Minha filha Maria Elisa, Ângela com o livro O voo da poesia e Rosana Silva

Na Bienal, lançamento do livro de Ângela

terça-feira, 26 de maio de 2015

Artigo de opinião: O ócio ou o negócio?

O ócio ou o negócio?

Compreender a etimologia da palavra pode ser uma atividade bem interessante. Há muitos termos cujo valor semântico propicia inúmeras possibilidades de reflexão. A palavra negócio, por exemplo, é uma delas, que tem origem grega negotium, formada por dois termos: neg que significa negar algo e ócio que é ocupação, trabalho, labuta. Na Grécia Antiga, trabalhar era uma atividade vergonhosa, por isso se negavam ao ócio, que era tarefa para a plebe. Os gregos, portanto, se dedicavam à filosofia e às artes. Já os romanos tinham uma visão bem mais positiva para essa palavra, pois o otium litteratum era o tempo livre para se dedicarem às letras.
Ter tempo livre para praticar o ócio, para muitos, pode ser uma falta de trabalho, falta do que fazer; para outros, no entanto, o ócio serve para produzir, dedicar-se às artes, sejam elas a produção literária, a pintura, o teatro, a escultura, o grafite e a arte de colorir, por que não?
Os livros, voltados para colorir, ao contrário do que muitos pensam, não são uma nova invenção. Quem não se lembra dos livros fininhos para colorir os personagens infantis mais conhecidos de cada época, ou ainda as revistinhas com diversas atividades como unir pontinhos, formar desenhos divertidos e depois colorir.
O mercado editorial, a cada ano, procura se manter no mercado e, para isso, precisa repaginar a sua oferta, oferecendo novidades aos seus leitores que, por sua vez, estão sempre mais exigentes. No início deste século, a entrada dos e-books (livros virtuais) foi uma reviravolta para o segmento, causando muita polêmica em torno da sobrevivência do livro tradicional. As vendas em dezembro de 2013 totalizaram aproximadamente 294 mil unidades de livros digitais e em 2014 somaram aproximadamente 2,53 milhões de unidades somente no Brasil. O resultado foi que mais livros estão sendo vendidos e os livros tradicionais continuam existindo e, certamente, não sairão de linha por um bom tempo.
A bola da vez do mercado editorial são os livros para colorir e tornaram-se uma febre não só no Brasil, mas em diversas partes do mundo. O que deve ficar claro é que não se trata de uma novidade, mas uma nova forma de terapia e, sobretudo de arte. Vale dizer que ter ócio, tempo livre para colorir não significa que quem colore não tem outra coisa para fazer. Primeiramente, a ideia inicial do livro de colorir direcionado aos adultos foi como terapia para desestressar, quem não faz nada tem estresse? Ou seja, trata-se de livro para quem tem muito que fazer.
Há diversas correntes filosóficas que nos ajudam a entender tanta crítica em cima de quem está apaixonado pelos livros de colorir. Uma delas está fundamentada na cultura utilitarista da nossa sociedade. A filosofia utilitarista nasceu no século XVIII, na Inglaterra, que determina que uma ação deve ser avaliada sob o ponto de vista dos seus resultados práticos. Dessa época, o jurista Jeremy Bentham expôs que o princípio da utilidade é o fundamento de toda a conduta social e individual, que tudo deve ter uma utilidade e ser útil é o valor moral mais elevado.
Assim, podemos perceber que a sociedade atual espera que o ócio seja preenchido apenas com ações em que ela própria veja a utilidade de todas as coisas, ao contrário não tem valor. Se assim for, onde deveríamos procurar pelos livros literários? Onde encontraríamos as obras de artes? E as esculturas? E os desenhos, as fotografias, as charges, as histórias em quadrinho? Será que todas foram feitas por desocupados? E o que dizer dos maravilhosos desenhos da escritora escocesa Johanna Basford? E os coloridos de inúmeros anônimos espalhados pelo país?
 Não pretendo reduzir as manifestações artísticas ao paradigma do utilitarismo, mesmo por que essa concepção já foi rompida, mas não se vê utilidade nas artes? Parafraseando Renato Russo: “será que o que vejo quase ninguém vê?” A arte se manifesta de várias formas e nenhuma delas deve ser sobreposta à outra. Todas têm seu valor. Ainda bem que temos escritores por profissão e aqueles que, no ócio, se ocupam de escrever poesias, crônicas e histórias fantásticas, para preencher o nosso tempo e decorar a nossa alma. Ainda bem que há artistas e artistas que andam preenchendo seu tempo de pura ociosidade com arte, seja ela escrevendo, pintando, esculpindo e, que delícia, colorindo.


Por Rosana Cristina Ferreira Silva




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