É
amplamente visível que as cidades cresceram e de forma descontrolada e sem
planejamento. Esse crescimento trouxe impactos positivos para o desenvolvimento
econômico. No entanto diversos empecilhos vieram juntos: desertificação das
áreas urbanas, aumento da insegurança e um trânsito confuso e caótico. Assim, a
imobilidade urbana em grandes e pequenas cidades tem trazido estresse a quem
precisa usar as áreas centrais. Diante disso, é possível reverter esse quadro e
garantir o direito de ir e vir sem sofrer tanto?
Uma
das razões que favoreceu a mudança no trânsito foi o aumento da frota no país.
Estima-se que houve um aumento de 400% de veículos nas ruas nos últimos anos.
Tal fenômeno se deu com a abertura de mercado e de crédito e a ascensão da
Classe C. Além disso, as cidades não se prepararam para receber tantos veículos,
já que não houve investimento em infraestrutura e não há vestígios de mudança
no projeto arquitetônico dos municípios. Outro fator preponderante é a omissão
dos poderes públicos em tomar atitudes para modificar tal situação, a fim de
garantir os direitos dos cidadãos e a segurança. Vive-se, hoje, uma guerra
travada entre motoristas e pedestres e, nessa batalha, todos saem perdendo.
Cabe ressaltar que, no Brasil, não há cidade idealizada para o pedestre, muito
menos para ciclistas.
A
conscientização de que o pedestre é mais importante que os veículos é
necessária e urgente, bem como a educação no trânsito. A intolerância, a falta
de educação e respeito e a própria correria do cotidiano fomentam as brigas
diárias. Basta observar, por poucos instantes, para flagrar cenas de infrações.
Falta civilidade. Boa parte dos motoristas não respeitam a sinalização nem a
faixa para pedestre, aceleram mais que o permitido, não acionam a seta e
estacionam em lugares proibidos.
Em
novembro de 2015, a cúpula da ONU (Organização das Nações Unidas), formada por
193 países, estará reunida em Brasília para a 2ª Conferência Global de Alto
Nível sobre Segurança no Trânsito. Estes países iniciaram a discussão em
setembro sobre o Desenvolvimento Sustentável 2015, em Nova York, e se
comprometeram a proporcionar transporte seguro, sustentável e a preço acessível
para todos até 2030, principalmente para as pessoas em situação de
vulnerabilidade, como idosos. É o primeiro passo e que precisa ser seguido.
A
mudança na realidade das pequenas e grandes cidades do Brasil deve e precisa ocorrer,
sendo possível modificar o atual quadro caótico de mobilidade urbana. Cabe aos
poderes públicos – Legislativo, Executivo, Judiciário – ações efetivas para
melhorar o trânsito. A sociedade, por sua vez, deve ser mais educada, tolerante
e civilizada para aliviar a situação e modificar a sua cultura, para implantar
atitudes mais humanizadas e menos selvagens. Um pouco de civilidade cabe em
qualquer lugar e faz bem para todo o mundo.