O Brasil segue um caminho contraditório e belicoso ao adotar
medidas drásticas em diversas áreas: de um lado cortam-se verbas da Educação em
vez de alocar recursos para investimento; do outro lado, cria decretos para
facilitar a compra de armas de fogo, indo na contramão, já que campanhas pelo
desarmamento têm se intensificado no mundo todo em busca de uma cultura da paz.
Diante de tanta contradição, o que se pode esperar de um país que coloca arma
na mão e tira a esperança de se crescer por meio da educação?
Primeiramente, é preciso saber que no início deste mês, um novo
e desnecessário decreto foi implantado, sem ao menos consultar o Ministro da
Justiça e Segurança Pública, modificando as regras para o porte e a posse de
armas de fogo, de aquisição de munição e de armamento. Essa iniciativa, do
ponto de vista de estudiosos no assunto, facilitará ainda mais a ação de
criminosos, das milícias urbanas e rurais. Trata-se de uma “carta de alforria”
para os algozes que negociam a morte e para os “valentões de plantão”, que
vilipendiam as mulheres. Agora, com arma na mão, o número de feminicídio só
tende a subir, infelizmente.
De acordo com o presidente, várias categorias não precisam
"demonstrar a sua efetiva necessidade de portar a arma de fogo, por
exercício de atividade profissional ou de ameaça à sua integridade
física", critério previsto na lei 10.826/2003. Entre eles estão
caminhoneiros, conselheiros tutelares, políticos, residentes de áreas rurais e
agentes de forças de segurança da ativa e de inativos.
Deve-se considerar que tal medida é desastrosa e pode trazer
consequências irreversíveis para a nação, que está necessitada de ações que
estimulem a economia, garantindo o emprego; a sociedade requer medidas que melhorem
a qualidade de vida, da saúde, da segurança, do esporte, do lazer, da educação,
da moradia, dos programas habitacionais, das estradas entre tantas outras
necessidades reais.
Além de tudo isso, o brasileiro assiste, passivamente, ao
desmanche de programas sociais e, principalmente, ao desmantelamento das
conquistas educacionais. Nunca se deve tirar da educação; ao contrário, na
educação todo investimento é pouco. O Brasil é referência em pesquisas
científicas e as universidades federais não somente formam milhares de alunos,
como também formam pesquisadoras, além de atenderem à comunidade que as
circundam com serviços básicos que, cortados, farão muita falta à parcela
social mais pobre. O país é respeitado por ser pioneiro na luta ao combate à
Aids, no tratamento de câncer. E agora? O que vai oferecer? Apontar arminha?
Não. Vai apontar armas de verdade. Enquanto deveria estar investindo nas áreas
de formação humana para garantir um futuro melhor e de paz. Enquanto isso,
provavelmente, o famoso "kit gay" já deve ter sido retirado das
escolas.
Portanto com tamanha contradição das medidas tomadas, não se
pode esperar muito de um país que mais valoriza a violência, colocando a arma
na mão como justificativa para diminuir a criminalidade. Não dá para confiar em
ações que tiram do povo a esperança de se crescer por meio da educação.
Conforme afirmou Monteiro Lobato: “um país se faz com homens e livros”, então
o caminho é a educação. Mas o brasileiro é forte e deve acordar em tempo hábil
a fim de defender a vida, a educação e, sobretudo, a paz.