sexta-feira, 10 de maio de 2019

Arma ou livro na mão?


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O Brasil segue um caminho contraditório e belicoso ao adotar medidas drásticas em diversas áreas: de um lado cortam-se verbas da Educação em vez de alocar recursos para investimento; do outro lado, cria decretos para facilitar a compra de armas de fogo, indo na contramão, já que campanhas pelo desarmamento têm se intensificado no mundo todo em busca de uma cultura da paz. Diante de tanta contradição, o que se pode esperar de um país que coloca arma na mão e tira a esperança de se crescer por meio da educação?
Primeiramente, é preciso saber que no início deste mês, um novo e desnecessário decreto foi implantado, sem ao menos consultar o Ministro da Justiça e Segurança Pública, modificando as regras para o porte e a posse de armas de fogo, de aquisição de munição e de armamento. Essa iniciativa, do ponto de vista de estudiosos no assunto, facilitará ainda mais a ação de criminosos, das milícias urbanas e rurais. Trata-se de uma “carta de alforria” para os algozes que negociam a morte e para os “valentões de plantão”, que vilipendiam as mulheres. Agora, com arma na mão, o número de feminicídio só tende a subir, infelizmente.
De acordo com o presidente, várias categorias não precisam "demonstrar a sua efetiva necessidade de portar a arma de fogo, por exercício de atividade profissional ou de ameaça à sua integridade física", critério previsto na lei 10.826/2003. Entre eles estão caminhoneiros, conselheiros tutelares, políticos, residentes de áreas rurais e agentes de forças de segurança da ativa e de inativos.
Deve-se considerar que tal medida é desastrosa e pode trazer consequências irreversíveis para a nação, que está necessitada de ações que estimulem a economia, garantindo o emprego; a sociedade requer medidas que melhorem a qualidade de vida, da saúde, da segurança, do esporte, do lazer, da educação, da moradia, dos programas habitacionais, das estradas entre tantas outras necessidades reais.
Além de tudo isso, o brasileiro assiste, passivamente, ao desmanche de programas sociais e, principalmente, ao desmantelamento das conquistas educacionais. Nunca se deve tirar da educação; ao contrário, na educação todo investimento é pouco. O Brasil é referência em pesquisas científicas e as universidades federais não somente formam milhares de alunos, como também formam pesquisadoras, além de atenderem à comunidade que as circundam com serviços básicos que, cortados, farão muita falta à parcela social mais pobre. O país é respeitado por ser pioneiro na luta ao combate à Aids, no tratamento de câncer. E agora? O que vai oferecer? Apontar arminha? Não. Vai apontar armas de verdade. Enquanto deveria estar investindo nas áreas de formação humana para garantir um futuro melhor e de paz. Enquanto isso, provavelmente, o famoso "kit gay" já deve ter sido retirado das escolas.
Portanto com tamanha contradição das medidas tomadas, não se pode esperar muito de um país que mais valoriza a violência, colocando a arma na mão como justificativa para diminuir a criminalidade. Não dá para confiar em ações que tiram do povo a esperança de se crescer por meio da educação. Conforme afirmou Monteiro Lobato: “um país se faz com homens e livros”, então o caminho é a educação. Mas o brasileiro é forte e deve acordar em tempo hábil a fim de defender a vida, a educação e, sobretudo, a paz.





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