“Nas
mãos de uma criança, o mundo vira um conto de fadas”. Não sei quem é o autor ou autora dessa frase, só sei que
ela faz o maior sentido e fico triste por que não amadurecemos, mantendo a pureza
e a alegria das crianças, para transformar o nosso mundo adulto nesse conto
que, na maioria, termina em finais felizes.
À medida que crescemos, deixamos a fase
infantil pelo caminho e passamos à adolescência. É incrível como o humor muda
radicalmente e se instala, nesse período, a instabilidade de sentimentos. Nessa
fase, o adolescente passa por momentos oscilantes: ora solilóquio, ora
despojado, brincalhão; ora agressivo, carinhoso e por aí vai. É um amontoado de
sensações que se confundem na cabeça de qualquer um, mas, de todo o modo, a
maioria deles são felizes e tudo vira festa.
Da adolescência à vida adulta, o
distanciamento entre a alegria de ser criança está cada vez mais longe. Não sei
por que, sendo adultos, temos de deixar para trás a alegria despretensiosa, a ingenuidade
e a capacidade imagética, as brincadeiras e a esperança do mundo da infância,
abrindo espaço para dúvidas, frustrações, incertezas e infelicidade.
Há uma pesquisa que afirma que a nossa
felicidade, ao longo da nossa vida, é parecida com os traços dos lábios. Isso
significa que, quando somos crianças, os nossos lábios estão sempre sorrindo,
acentuando seus contornos num sentido ascendente; conforme amadurecemos, para
não dizer que estamos envelhecendo, esses contornos vão se perdendo até ficarem
retos e, muitas vezes, na velhice, a forma de nossa boca se inverte, aparentando
aborrecimento ou tristeza.
O corpo dá sinais, a cada dia, que o
semblante da criança que fomos fica esquecido, só lembrado em fotos. Tudo
envelhece e isso é inevitável, se não se quer morrer jovem, o jeito é se
conformar. Assim, se até o nosso corpo mostra que, aos poucos, deixamos de ser
crianças, o que se pode fazer para conservarmos pelo menos um resquício da
época de meninice?
Não existe fórmula, não existe livro que
ajude, nem técnicas que ensinem, nem regras eficientes que auxiliem a
manutenção da nossa felicidade e as características de um pupilo. Há cremes de
rejuvenescimento, plásticas que atenuam as marcas do tempo, mas nada disso
rejuvenesce uma alma envelhecida e amarga.
O que podemos fazer é buscar a felicidade e a
alegria de viver dentro de cada um de nós, lembrando que a vida, apesar de
todas as árduas travessias pelas quais não há atalho, é única, é efêmera e é
para ser vivida e reinventada como nos contos de fadas. Se não houver final
feliz, pelo menos houve um início e um meio, e isso já é muito bom.
Além disso, devemos aproveitar todas as
oportunidades que a vida nos oferece para voltarmos a ser crianças: brincando
com os filhos, sobrinhos e com todas as crianças que estiverem ao nosso redor;
lançar mão de momentos com a família, conversar, divertir com coisas banais e
corriqueiras; ouvir música, dançar, brincar, correr, enfim, aproveitar cada
momento, mesmo que rapidinho, para relembrar como é bom ser feliz e puro como
as crianças.
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