sexta-feira, 20 de maio de 2016

Ser uma eterna criança: é possível?





“Nas mãos de uma criança, o mundo vira um conto de fadas”. Não sei quem é o autor ou autora dessa frase, só sei que ela faz o maior sentido e fico triste por que não amadurecemos, mantendo a pureza e a alegria das crianças, para transformar o nosso mundo adulto nesse conto que, na maioria, termina em finais felizes.
À medida que crescemos, deixamos a fase infantil pelo caminho e passamos à adolescência. É incrível como o humor muda radicalmente e se instala, nesse período, a instabilidade de sentimentos. Nessa fase, o adolescente passa por momentos oscilantes: ora solilóquio, ora despojado, brincalhão; ora agressivo, carinhoso e por aí vai. É um amontoado de sensações que se confundem na cabeça de qualquer um, mas, de todo o modo, a maioria deles são felizes e tudo vira festa.
Da adolescência à vida adulta, o distanciamento entre a alegria de ser criança está cada vez mais longe. Não sei por que, sendo adultos, temos de deixar para trás a alegria despretensiosa, a ingenuidade e a capacidade imagética, as brincadeiras e a esperança do mundo da infância, abrindo espaço para dúvidas, frustrações, incertezas e infelicidade.
Há uma pesquisa que afirma que a nossa felicidade, ao longo da nossa vida, é parecida com os traços dos lábios. Isso significa que, quando somos crianças, os nossos lábios estão sempre sorrindo, acentuando seus contornos num sentido ascendente; conforme amadurecemos, para não dizer que estamos envelhecendo, esses contornos vão se perdendo até ficarem retos e, muitas vezes, na velhice, a forma de nossa boca se inverte, aparentando aborrecimento ou tristeza.
O corpo dá sinais, a cada dia, que o semblante da criança que fomos fica esquecido, só lembrado em fotos. Tudo envelhece e isso é inevitável, se não se quer morrer jovem, o jeito é se conformar. Assim, se até o nosso corpo mostra que, aos poucos, deixamos de ser crianças, o que se pode fazer para conservarmos pelo menos um resquício da época de meninice?
Não existe fórmula, não existe livro que ajude, nem técnicas que ensinem, nem regras eficientes que auxiliem a manutenção da nossa felicidade e as características de um pupilo. Há cremes de rejuvenescimento, plásticas que atenuam as marcas do tempo, mas nada disso rejuvenesce uma alma envelhecida e amarga.
O que podemos fazer é buscar a felicidade e a alegria de viver dentro de cada um de nós, lembrando que a vida, apesar de todas as árduas travessias pelas quais não há atalho, é única, é efêmera e é para ser vivida e reinventada como nos contos de fadas. Se não houver final feliz, pelo menos houve um início e um meio, e isso já é muito bom.
Além disso, devemos aproveitar todas as oportunidades que a vida nos oferece para voltarmos a ser crianças: brincando com os filhos, sobrinhos e com todas as crianças que estiverem ao nosso redor; lançar mão de momentos com a família, conversar, divertir com coisas banais e corriqueiras; ouvir música, dançar, brincar, correr, enfim, aproveitar cada momento, mesmo que rapidinho, para relembrar como é bom ser feliz e puro como as crianças.
Fonte da imagem: http://www.mensagens10.com.br/wp-content/uploads/2016/04


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