O
Brasil é um país multicultural, tendo influências de todos os continentes em
sua cultura, religião, política, história e, sobretudo, a raça. A nossa Constituição,
de 1988, contempla essas diversidades, especialmente em seu Artigo 5º, que
promulga que todos são iguais. No entanto há um abismo entre a lei e a
realidade, haja vista a triste constatação do racismo, ainda presente em pleno
século XXI: resquícios da escravidão do país.
Pessoas
comuns, que vivem longe dos holofotes, passam, diariamente, por situações
semelhantes às da atriz Taís Araújo, da apresentadora Maria Júlia, dos
jogadores Daniel Alves e "Aranha". Estes, por serem conhecidos,
tiveram apoio da população, que se viu comovida diante dos atos racistas. E há
inúmeros exemplos de intolerância racial não somente com negros. Quem não se
lembra do índio Pataxó, queimado em Porto Seguro?
Os
insultos são degradantes e cruéis e podem ser disseminados com apenas um
clique. As redes sociais, que deveriam ser usadas para promover as campanhas de
conscientização e fazer o bem comum, são usadas deliberadamente para falar mal,
afrontar e denegrir o ser humano. Muitos internautas, sem fazer qualquer
análise crítica, curtem ou compartilham postagens discriminatórias. Assim o
cyberbullying - bullying na internet - é disseminado de modo incontrolável, tal
como o racismo e a homofobia, por exemplo.
É
inconcebível que ainda existam pessoas preconceituosas e intolerantes em
relação ao próximo. É um clichê, mas é preciso reafirmar que todos somos
iguais. Nenhum tipo de preconceito pode ser aceito pela população, seja ele
qual for, religiosa, racial, social ou de gênero. Cabe, portanto, à família ser
a primeira a manifestar-se contra o racismo e contra qualquer tipo de
intolerância. Também a mídia deve usar sua força para conscientizar o povo de
que a discriminação é o retrocesso de qualquer sociedade e é inaceitável. As nossas
lideranças políticas e jurídicas devem deixar de ser complacentes com os
bárbaros que se julgam melhores do que os outros. Além disso, as instituições
educacionais devem favorecer a igualdade entre todos, promovendo as pessoas,
cultivando uma cultura de paz e de equidade. Aproveitar este mês de novembro,
que se contempla o dia da Consciência Negra, é um bom começo para a
conscientização. Não dá mais para assistir a cenas de barbaridades. Chega. Hoje
são insultos, o que será amanhã?
Por
Rosana Cristina Ferreira Silva