É inegável que um dos maiores desafios
hoje é a necessidade de reeducação quanto ao uso das tecnologias. De acordo com
Zigmunt Bauman, sociólogo polonês, os indivíduos da contemporaneidade vivem uma
constante liquidez nas relações pessoais, afetivas, profissionais e sociais e,
consequentemente, o uso exagerado de aplicativos e redes sociais tendem a
piorar essa situação de superficialidade e tangência das relações, agravando os
conflitos de convivência na sociedade.
De início, é imprescindível destacar
que após as Revolução Industrial, séculos XVIII e XIX, o mundo nunca mais foi o
mesmo. Com novas descobertas e avanços tecnológicos, mais progresso e mudança
do estilo de vida vão sendo incutidos. No fim do século XX, o computador e a
Internet revolucionaram o mundo todo. Tal transformação trouxe um dualismo: de
um lado os pontos positivos como celeridade nas informações mundiais,
facilidade no ambiente de trabalho, em troca de mensagens em tempo real,
facilitação de pesquisas em diversas áreas do conhecimento, nas situações
sociocomunicativas, no uso recreativo entre tantos outros.
No entanto, no que tange aos aspectos
negativos, o uso excessivo e inadequado das tecnologias é conflituoso e
preocupante, uma vez que provoca o isolamento social, o individualismo,
corrobora com o discurso de ódio, as fake news, o cyberbullying, golpes por
hackers, além do escasso convívio com os amigos e a família e muitos outros
casos. Assim, conforme Émile Durkheim,
filósofo francês, o homem é um ser social e precisa socializar-se entre
os seus pares. Desse modo, todos devem viver com o outro e sentir o abraço, o
afeto e o calor humano que só podem ser sentidos pessoalmente.
Infere-se, portanto, para que o uso
das tecnologias, especialmente as das redes sociais, não escravizem seus
usuários, nem torne-os individualistas e antissociais, é necessário que a
família e o próprio indivíduo encontrem um meio eficaz para reeducar e dosar
esse uso, adotando, por exemplo, a determinação de horários para curtir as
tecnologias, reservando tempo para a convivência, o diálogo e a troca de
experiências diárias. Assim, como ressaltou Baumam, a solidez das relações é
uma necessidade para se ter uma vida saudável, livre e feliz. Ainda não há
tecnologia que substitui o calor de um abraço. Anda bem!