sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Negra negra: eu sou!

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          "De repente umas vozes na rua/me gritaram Negra!/Negra, negra, negra!" Esses versos da poetisa peruana Victoria Santa Cruz refletem a discriminação racial que existe em quase todo o mundo e ainda persiste até hoje. 
           Não precisamos ir tão longe nem há muito tempo para encontrar vestígios do preconceito e da segregação racial. Nos anos de 1960,  em Joanesburgo, na África do Sul, quase 20.000 pessoas protestaram contra o absurdo da Lei do Passe, que obrigava a população negra a usar um cartão que apontava os locais onde a sua circulação era permitida. Embora a manifestação fosse pacífica, a polícia do regime de apartheid, violentamente, abriu fogo contra a multidão desarmada. O resultado: 69 mortos. Esse regime, que cerceava os direitos humanos, perdurou por anos, encerrando-se em 1994. 
          Hoje, não existem regimes contra o negro, pelo menos no papel. Mas os resquícios dessa segregação resistem e a discriminação ocorre diariamente e parece não ter fim. A mídia mostra esses casos quando ocorrem com famosos, no entanto não apresentam à população as injúrias e os crimes que acontecem corriqueiramente com pessoas comuns.
         A televisão e o cinema são, prioritariamente, "branca". Isso não tem como refutar. Apresentadores de telejornais, elenco da novela e vários outros tipos de entretenimento são formados, em sua maioria, por pessoas brancas. Nas novelas o negro é a empregada, o motorista; no cinema a negra é a dama de companhia da princesa. Isso mostra que o regime do apartheid e de segregação ainda resiste.
            Dados do documento O Mapa da Violência confirmam que a maioria das vítimas são negros pobres. Outras pesquisas mostram que a discriminação é também fortemente percebida na formação educacional. Por outro lado, as cotas para negros é uma ação afirmativa que tende a diminuir esse impasse, haja vista a quantidade de jovens negros que tiveram a oportunidade de entrar na universidade por esse meio.
             É preciso se conscientizar de que o preconceito, por si só, já demonstra toda nossa ignorância, e o preconceito racial é um denúncia da nossa insensatez, da estupidez humana  e da falsa ideia de superioridade do branco. Está comprovado cientificamente de que não existe raça pura e esse conceito de raça é ineficiente e ultrapassado para classificar os seres humanos. 
             Todos temos sangue negro correndo em nossas veias. Então negra eu sou! Desse modo, o Dia da Consciência Negra é uma tentativa de mitigar a ideia de respeito e de igualdade entre os homens, e serve para nos lembrar da luta dos negros pelos seus direitos, pela sua liberdade. Precisamos nos lembrar de que todos somos iguais. 


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