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"De repente umas vozes na rua/me gritaram Negra!/Negra, negra,
negra!" Esses versos da poetisa
peruana Victoria Santa Cruz refletem a discriminação racial que existe em quase
todo o mundo e ainda persiste até hoje.
Não precisamos ir tão
longe nem há muito tempo para encontrar vestígios do preconceito e da
segregação racial. Nos anos de 1960, em Joanesburgo, na
África do Sul, quase 20.000 pessoas protestaram contra o absurdo da Lei do
Passe, que obrigava a população negra a usar um cartão que apontava os locais
onde a sua circulação era permitida. Embora a manifestação fosse pacífica, a
polícia do regime de apartheid, violentamente, abriu fogo contra a multidão
desarmada. O resultado: 69 mortos. Esse regime, que cerceava os direitos
humanos, perdurou por anos, encerrando-se em 1994.
Hoje, não existem
regimes contra o negro, pelo menos no papel. Mas os resquícios dessa segregação
resistem e a discriminação ocorre diariamente e parece não ter fim. A mídia
mostra esses casos quando ocorrem com famosos, no entanto não apresentam à
população as injúrias e os crimes que acontecem corriqueiramente com pessoas
comuns.
A televisão e o cinema
são, prioritariamente, "branca". Isso não tem como refutar.
Apresentadores de telejornais, elenco da novela e vários outros tipos de
entretenimento são formados, em sua maioria, por pessoas brancas. Nas novelas o
negro é a empregada, o motorista; no cinema a negra é a dama de companhia da
princesa. Isso mostra que o regime do apartheid e de segregação ainda resiste.
Dados do documento O
Mapa da Violência confirmam que a maioria das vítimas são negros pobres. Outras
pesquisas mostram que a discriminação é também fortemente percebida na formação
educacional. Por outro lado, as cotas para negros é uma ação afirmativa que
tende a diminuir esse impasse, haja vista a quantidade de jovens negros que
tiveram a oportunidade de entrar na universidade por esse meio.
É preciso se conscientizar de que o preconceito, por si só, já
demonstra toda nossa ignorância, e o preconceito racial é um denúncia da nossa
insensatez, da estupidez humana e da falsa ideia de
superioridade do branco. Está comprovado cientificamente de que não existe raça
pura e esse conceito de raça é ineficiente e ultrapassado para classificar os
seres humanos.
Todos temos sangue negro correndo em nossas veias. Então negra
eu sou! Desse modo, o Dia da Consciência Negra é uma tentativa de mitigar a
ideia de respeito e de igualdade entre os homens, e serve para nos lembrar da
luta dos negros pelos seus direitos, pela sua liberdade. Precisamos nos lembrar
de que todos somos iguais.
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