A Revolução da Imprensa, fato ocorrido no século XV, modificou o
modo de vida e contribuiu para que a informação fosse acessível ao povo, mesmo
de modo rudimentar. Entretanto, naquela época, a taxa de alfabetização era
irrisória, por isso a maioria da população não pôde usufruir o advento da
divulgação do conhecimento. E o que mais se admira é que, em pleno século XXI,
ainda há desinformados, analfabetos, analfabetos voluntários e funcionais.
De maneira análoga, no Brasil, há um excesso de informação que
circula pelas redes sociais, mas, ainda sim, o analfabetismo funcional é
crescente, leva à exclusão e revela a triste situação precária da educação em
todo o país.
De início, cabe ressaltar que os resultados vergonhosos das
provas em que estudantes brasileiros realizam mostram a falta de preparo dos
mesmos em questões fundamentais e básicas como leitura e interpretação
fluentes, raciocínio lógico e as quatro operações matemáticas.
O desastre pode ser constatado nas provas aplicadas no
território nacional e naquelas aplicadas a vários países. Nesta o Brasil ocupa
a 60ª posição no ranking do Pisa, sendo apenas 76 países participantes da
última edição. Isso significa que milhões de crianças e adolescentes não estão
aprendendo e ainda milhares estão fora das escolas.
Há várias razões que corroboram com esse cenário caótico. Entre
elas a falta de modernização no modelo de ensino, incentivo inadequado e
miserável do estado, desvalorização docente, violência no entorno escolar, desestruturação
familiar e social. Como resultado, estima-se que mais de 10 milhões de
brasileiros sejam analfabetos funcionais, ou seja, sabem ler e escrever com
dificuldade, não sabem interpretar e nem fazem uso dessas habilidades no
cotidiano.
Essas dificuldades de interpretação, de cálculo, de raciocínio e
de análise comprometem o crescimento pessoal e qualificação para o trabalho do
cidadão, aumenta a segregação e exclusão social e agrava a desigualdade no
país. Ainda, o analfabetismo funcional compromete a análise crítica, a
atividade de questionamentos de informações, favorecendo a manipulação do
brasileiro, tanto por políticos quanto pela mídia.
Diante disso, cabe às políticas públicas educacionais realizarem
reformas do ensino básico à universidade, condizentes com a realidade nacional;
utilizar mecanismos para estimular os alunos aos estudos e não somente que
tenham frequência escolar.
Além disso, é preciso valorizar os professores, tanto social e
financeiramente, para que estes possam investir em suas carreiras. É
necessária, sobretudo, uma mudança de comportamento da sociedade frente à
educação, já que uma nação mal-educada está fadada à miséria e à manipulação
arbitrária e desumana. Só a educação pode mudar os rumos de um país.
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