quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Artigo de Opinião: O Sofrimento dos refugiados



Uma grande preocupação, hoje, nas políticas públicas internacionais, é como dar asilo e propiciar um acolhimento integral aos milhares de refugiados, principalmente no que se refere às condições mais básicas para a sobrevivência como moradia, emprego, educação, saúde e alimentação. A cada semana, sobe o número de emigrados, que procuram uma forma de fugir de guerras civis, perseguições religiosas, políticas e étnicas, mesmo sabendo dos riscos iminentes. E o que fazer com inúmeros imigrantes, ilegais, em meio à crise, à falta de humanidade e a tantos outros desafios da atual conjuntura do país e do resto de boa parte do mundo?
Segundo os últimos dados da ONU (Organização das Nações Unidas), em 2014, somaram-se 19,5 milhões no mundo todo. Só em 2015, 224 mil chegaram à Europa. A Grécia e a Itália são os principais países escolhidos para o desembarque. A união Europeia se encontra numa situação antagônica, já que vários países dessa federação se recusam a dar asilo aos sobreviventes. A Suécia, por exemplo, informou que é impossível dar abrigo em sua embaixada; a Alemanha decretou que não consegue receber todos; e, mesmo aqueles que, por força maior, os aceitam, enfrentam dificuldades em abrigar todos. Os milhares de exilados se amontoam em abrigos improvisados: verdadeiros acampamentos de desesperança, sem nenhuma perspectiva.
Para chegarem à Europa, milhares de famílias, na maioria síria, submetem-se a uma jornada arriscada, em barcos muito frágeis, superlotados, em condições subumanas, encarando o Mediterrâneo. Boa parte não chega ao destino: morrem no mar crianças, jovens, idosos. Embarcações inteiras já ficaram nesse cemitério de ondas e, infelizmente, a tendência é essa atrocidade se repetir outras vezes, enquanto a guerra e as perseguições continuarem. Não há nenhum sinal de que isso vai acabar tão cedo.
Essa dramática realidade nos remete à obra de Castro Alves, Navio Negreiro, do século XIX, que denunciou o tráfico humano. Terrível mancha da nossa história, quando negros africanos eram trazidos para a América, como escravos. Em pleno século XXI, o tráfico de pessoas ainda assola a humanidade, com novas roupagens: com pobres coitados, refugiados, que precisam escolher morrer em seu país de origem, ou morrer na travessia marítima, ou, com muita sorte, sobreviver em outras terras, muitas vezes, hostis.
O Brasil não está fora da lista de países a receber refugiados. E, mesmo enfrentando tantas crises, pode ser considerado um exemplo ao dar asilo a essa população tão sofredora. Dados do CONARE (Comitê Nacional de Refugiados) foram divulgados nesta semana, justamente no dia 19 de agosto, data em que se celebra, no mundo todo, o Dia Mundial Humanitário, revelando que, em todo o nosso território nacional, são 8.400 refugiados, o que não é considerado alto se comparado a outras nações. Entre os deslocados se têm sírios, libaneses, angolanos e colombianos.
Diante do drama de milhares de refugiados, é preciso que os governantes encontrem formas de acolher, de forma humanitária, todos os que necessitam de asilo. Deve-se, urgente, rever as políticas públicas em relação ao assunto, encurtar a burocracia existente, diminuir as resistências na aceitação dos expatriados e ampliar as cotas de aceitação destes. Para esses sofredores, não há caminho de volta ao lar, porque muitos não o têm mais. Então, cada país deve abrir as suas portas para abrigar aqueles que necessitam e mostrar a sua humanidade, ou melhor, o lado humanitário de cada um. Será que este lado existe?




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