sexta-feira, 20 de novembro de 2015

As tragédias se repetem



Na década de 60, Carlos Drummond de Andrade escreveu um artigo de opinião, falando sobre as enchentes no Rio de Janeiro e os estragos que as chuvas provocaram na cidade naquela época. Além disso, o autor mencionou que não há obras preventivas para evitar que centenas de pessoas percam seus bens materiais e o mais importante, a própria vida. Anos se passaram e as tragédias se repetem cotidianamente, sejam elas causadas pelo excesso de chuva ou falta dela ou pela leniência de empresas que ignoram os riscos de suas atividades.
Hoje o Brasil assiste a uma das maiores catástrofes ambientais já vistas, ocorrida na cidade mineira de Mariana. Um rio de lama avança e rio agoniza, está morrendo. São 62 milhões de metros cúbicos de lama com rejeitos. Até quando as atividades humanas vão agredir o meio ambiente? Custe o que custar, empresas querem enriquecer. Não se importam com a fauna e a flora, não se importam com a destruição que avassala o Planeta, pondo em risco a vida na terra.
É exagero? Creio que não. Desde o século XVII, a atividade de mineração ocorre no país. Ao longo do tempo, com o avanço da tecnologia, o modo das mineradoras agirem muito se modificou, estão cada vez mais equipadas para a contínua exploração dos recursos da natureza. Mas tanto avanço tecnológico e científico não permitiu que se evitasse a devastação que ocorre neste ramo.
Segundo dados do Ministério do Trabalho, o segmento de mineração ocupa a 4ª colocação do setor da economia em número de acidentes de trabalho e o 2º em taxas de mortalidade. E quantas mineradoras existem por aí, com licenças ambientais ultrapassadas e concedidas sem muito critério. Só em Minas Gerais, há 26 pedidos de licenciamento para construção de barragem de rejeito e há pouca fiscalização.
O que aconteceu em Mariana, infelizmente, é um grito de alerta para que atitudes sejam tomadas. O que aconteceu lá está sendo discutido, analisado, está na mídia, mas corre-se o risco de ser esquecido rapidamente e tudo continuará do mesmo jeito para as mineradoras, para os órgãos públicos, menos para as pessoas que viram tudo de perto, menos para o Rio Doce, que agora amarga suas perdas irreparáveis. As multas vão ser aplicadas, mas nada será como antes.
O Brasil precisa mudar sua cultura de sempre tratar a doença, não tem a cultura da prevenção, da profilaxia. Sempre agimos depois que o mal acontece. Precisamos mudar nossos valores, nosso modo de agir. As empresas, todas elas, não só as mineradoras, precisam investir em segurança, precisam explorar menos e cuidar mais do seu trabalhador, do meio ambiente e de todo o seu entorno. Caso contrário, as tragédias sempre vão se repetir e estarão estampando as colunas dos jornais como mais uma fatalidade. Lamentável.

Fonte da imagem: http://www.hojeemdia.com.br/polopoly
Fonte da imagem:http://mundovastomundo.com.br/wp-content/2015/11/Bento







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