Na
década de 60, Carlos Drummond de Andrade escreveu um artigo de opinião, falando
sobre as enchentes no Rio de Janeiro e os estragos que as chuvas provocaram na
cidade naquela época. Além disso, o autor mencionou que não há obras
preventivas para evitar que centenas de pessoas percam seus bens materiais e o
mais importante, a própria vida. Anos se passaram e as tragédias se repetem
cotidianamente, sejam elas causadas pelo excesso de chuva ou falta dela ou pela
leniência de empresas que ignoram os riscos de suas atividades.
Hoje
o Brasil assiste a uma das maiores catástrofes ambientais já vistas, ocorrida
na cidade mineira de Mariana. Um rio de lama avança e rio agoniza, está
morrendo. São 62 milhões de metros cúbicos de lama com rejeitos. Até quando as
atividades humanas vão agredir o meio ambiente? Custe o que custar, empresas
querem enriquecer. Não se importam com a fauna e a flora, não se importam com a
destruição que avassala o Planeta, pondo em risco a vida na terra.
É
exagero? Creio que não. Desde o século XVII, a atividade de mineração ocorre no
país. Ao longo do tempo, com o avanço da tecnologia, o modo das mineradoras agirem
muito se modificou, estão cada vez mais equipadas para a contínua exploração
dos recursos da natureza. Mas tanto avanço tecnológico e científico não
permitiu que se evitasse a devastação que ocorre neste ramo.
Segundo
dados do Ministério do Trabalho, o segmento de mineração ocupa a 4ª colocação
do setor da economia em número de acidentes de trabalho e o 2º em taxas de
mortalidade. E quantas mineradoras existem por aí, com licenças ambientais
ultrapassadas e concedidas sem muito critério. Só em Minas Gerais, há 26
pedidos de licenciamento para construção de barragem de rejeito e há pouca
fiscalização.
O
que aconteceu em Mariana, infelizmente, é um grito de alerta para que atitudes
sejam tomadas. O que aconteceu lá está sendo discutido, analisado, está na
mídia, mas corre-se o risco de ser esquecido rapidamente e tudo continuará do
mesmo jeito para as mineradoras, para os órgãos públicos, menos para as pessoas
que viram tudo de perto, menos para o Rio Doce, que agora amarga suas perdas
irreparáveis. As multas vão ser aplicadas, mas nada será como antes.
O
Brasil precisa mudar sua cultura de sempre tratar a doença, não tem a cultura
da prevenção, da profilaxia. Sempre agimos depois que o mal acontece.
Precisamos mudar nossos valores, nosso modo de agir. As empresas, todas elas,
não só as mineradoras, precisam investir em segurança, precisam explorar menos
e cuidar mais do seu trabalhador, do meio ambiente e de todo o seu entorno.
Caso contrário, as tragédias sempre vão se repetir e estarão estampando as
colunas dos jornais como mais uma fatalidade. Lamentável.
Fonte da imagem: http://www.hojeemdia.com.br/polopoly |
Fonte da imagem:http://mundovastomundo.com.br/wp-content/2015/11/Bento |
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