A
violência parece não ter limite e não ter fim. Nos noticiários, as manchetes
parecem ser fictícias devido ao tamanho da brutalidade e dos requintes de
crueldade. Crianças, idosos e mulheres são mais vulneráveis e estão sujeitos a
todo o tipo de abuso. O sexual é o mais recorrente, e muitas vezes é seguido de
morte.
Nesta
semana, uma jovem sofreu um estupro coletivo. Como se não bastasse o quanto
violento e repugnante é esse ato, foi praticado por 30 homens e ainda expuseram
a vítima nas redes sociais. O que se esperava era a revolta das pessoas, no
entanto um número exorbitante de internautas relativizaram a situação e, como
sempre, ou na maior parte dos casos, a culpa é da mulher.
Em
pleno século XXI, ainda vivemos sob a cultura do estupro, em uma sociedade que
tem a coragem de dizer que há mulheres que merecem ser estupradas, que “pedem”
para ser violentadas. Isso é um absurdo. Não há ser humano algum que mereça
sofrer assim. É inaceitável e deve ser considerado um crime hediondo não apenas
no caso de quem o pratica, mas de quem incita a violência e a considera normal,
banal.
Desde
quando o homem perdeu a sua perplexidade diante dos fatos, agravados pelos
números crescentes de casos, dado o aumento da violência no país, cada abuso,
cada assassinato ou latrocínio passam a integrar os dados estatísticos e as vítimas
são só mais um caso. Desse modo, deixamos de lado aquilo que nos torna humanos:
a compaixão, a sensibilidade diante da dor e do sofrimento alheios.
O
que quase todo mundo esquece é que para os sobreviventes de agressões e,
principalmente do estupro, a dor do corpo passa, as marcas vão virar algumas
cicatrizes na pele. Entretanto o que não passa é a dor da alma, as cicatrizes
da mente. Os traumas ficam e se estendem por toda a vida.
Nenhum
tipo de violência pode ser relativizado ou ser considerado como merecido.
Violência é violência e pronto, aqui e em qualquer canto do mundo. Mulher
alguma merece ser estuprada, seja ela é quem for. Se está de roupa curta, se a
hora ou o escuro das vielas contribuíram, se estava bêbada ou não, isso não é
desculpa, meu Deus!
É
preciso acabar com essa cultura ultrapassada e irracional. Chega de machismo e
de relativismo onde nunca devia existir. Nem tudo pode ser relativizado, muito
menos um estupro.
Fonte da imagem: http://i.huffpost.com/gen |