sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Artigo de opinião - A busca pelo corpo perfeito



Pernas fortes e bem torneadas, cintura fina, corpo turbinado e sem nenhum vestígio de sinais do tempo: este é o modelo de corpo perfeito, sonhado e procurado por muitos. Mulheres e homens têm investido em diversos modos para alcançar a forma física desejada. Assim lançam mão de produtos industrializados, remédios, academias e cirurgias plásticas. No entanto, inúmeros indivíduos desejam o retorno rápido e recorrem a intervenções inseguras, colocando em risco a própria vida. Então, vale tudo para ter o corpo perfeito?
A busca da perfeição é muito antiga. Na Antiguidade, o ideal de beleza era a deusa Afrodite e que, mais tarde, foi imortalizada na pintura de Sandro Botticelli, em 1485. Também na Grécia antiga, a busca pela perfeição e a beleza física era altamente valorizada, juntamente com um intelecto desenvolvido. Em Esparta, os espartanos buscavam o corpo atlético e forte também para fins militares.
Em toda a história, percebe-se que o padrão de beleza é moldado conforme a região e a época. O bonito em um país pode ser feio em outras culturas. Para os árabes, por exemplo, mulher bonita é aquela mais “cheinha”. Já, no Ocidente, o padrão de beleza não é único, mas há dois que devem ser ressaltados. De um lado têm-se os modelos da moda, expressos por uma magreza que beira à anorexia; por outro se têm as mulheres latino-americanas, especialmente as brasileiras, com curvas mais acentuadas.
Cabe ressaltar que a busca excessiva pela beleza tem elevado o número de cirurgias plásticas em quase todo o mundo, a mais procurada é a lipoaspiração. O Brasil ocupa o 2º lugar em cirurgias e em número de academias de ginástica, perdendo apenas para os Estados Unidos. Nos últimos quatro anos, de acordo com a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, as cirurgias estéticas em adolescentes aumentaram em 141%. Segundo a Fecomercio, de São Paulo, os gastos anuais com cabeleireiros, manicure e pedicure somam R$ 20,3 bilhões, montante 18% maior do que o gasto com a educação. E o valor dispendido com academias e cirurgias é de se perder de vista.
O problema não é a busca pela beleza, mas os meios que se usam para alcançá-la. Como há procedimentos estéticos com preços exorbitantes, muitos jovens recorrem a métodos e a profissionais duvidosos. Para ilustrar, pode-se citar o caso de Andressa Urach que quase perdeu a vida ao aplicar hidrogel em seu corpo. Não teve a mesma sorte um rapaz de 18 anos, de São Paulo, que morreu após aplicar a mesma substância em seu pênis, e um outro teve o membro amputado. É triste constatar que ao menos uma pessoa morre por mês em cirurgias plásticas no Brasil.
Honoré de Balzac disse: “deve-se deixar a vaidade aos que não têm outra coisa para exibir”. O que ele quer dizer é que se deve buscar, sim, o corpo perfeito, mas deve ser lado a lado com a intelectualidade, com a saúde e com a espiritualidade. Caso contrário, o que vale ter um corpo exuberante com a mente vazia e sem ter saúde para usufruí-lo? Portanto o que se deve fazer é bem simples: ter senso, cultivar hábitos alimentares saudáveis, ter uma rotina de exercícios adequada e praticar esportes. Caso necessite, procure especialistas e profissionais que realmente entendam do assunto e, sempre que puder, exercitar os músculos do cérebro. Um bom livro ajuda e muito.

 





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